16 de dezembro de 2012

Olhe na janela

   
             Ângela olhava inquieta para o teto do quarto de luzes descansadas. Parecia procurar naquela superfície escura, palavras... Como se a resposta para toda a sua dor fosse ser escrita em letras garrafais lá no alto.
            Era frequente Ângela passar várias noites assim, procurando respostas em seu quarto escuro. A moça não tinha mais forças para conseguir lutar pela resolução de seus problemas, além disso, há um longo tempo, buscava o esquecimento em coisas passageiras, que acabavam por sua vez, trazendo somente mais angústia.

            Ela permaneceu por vários minutos procurando respostas na escuridão. Durante a sua procura, a dor parecia aumentar cada vez mais, sentiu seu coração vazio e sua existência insignificante em relação ao mundo, se é que ainda possuía uma existência. Considerou que talvez fosse seu destino sofrer, pois havia muito tempo que era banhada por furiosas tempestades, sem nenhum indício de que algum dia o céu ensolarado iria aparecer. Começou a questionar a existência de um Deus de amor, pois realmente acreditou que Deus a havia abandonado. Ângela pensou:



"Se Deus me amasse, eu não estaria sofrendo desta maneira. Onde está o Senhor que prometeu que jamais iria me deixar ?"

            Foi então que, inesperadamente, Ângela ouviu uma voz insondável lhe dizer:

"Olhe na janela"


           A moça ficou confusa por alguns segundos ao ouvir esta voz.  Passado o  momento de alienação, como ela própria o definiu, voltou a questionar o amor de Deus, O Senhor. Entretanto, ela ouviu mais uma vez a voz insondável dizer:
"Olhe na janela" 
   
         Ângela, ainda insegura, olhou para a janela de seu quarto. Notou uma luz que anteriormente não estava ali. Curiosa, se aproximou... Fitou a luz por vários instantes. Sua expressão mudara. Seus olhos estavam alegres, a luz dava cor ao seu rosto. E então, ela  ouviu mais uma vez a voz insondável se pronunciar:

                           "Eu estou aqui, Ângela."

        Ângela respondeu imediatamente, sem perceber:
 "Onde?"
         
           E a voz insondável disse:
"Aqui, Ângela.
Saibas que eu nunca te abandonei e que jamais irei te abandonar."

         Ângela rompeu em lágrimas e voltou-se contra a janela. Ela não conseguia entender a razão de seu sofrimento, porque parecia caminhar em um vale escuro e vazio, sem resposta alguma, sem nenhum indício de vida. "Se o Senhor  está aqui e nunca me abandonou, qual é o motivo de minha dor?" a mulher se perguntou sentindo-se injustiçada por Deus. Voltou a acreditar que não ouviu voz alguma, somente palavras oriundas de sua insensatez.

            Todavia, ouviu mais uma vez a voz insondável insistir em lhe dizer:

"Olhe na janela."

           Ela se virou e viu novamente a luz. Não entendeu ainda o que o Senhor queria lhe dizer, porém, sabia que aquela luz a resguardava de alguma maneira, devolvendo-lhe as cores anteriormente perdidas em sua vida. Contemplando mais uma vez a luz, Ângela ouviu:

"Onde está a sua bíblia?"

               Ângela saiu do estado de contemplação e realmente ficou pensando em que lugar haveria de estar a sua bíblia. Fazia muito tempo que ela não lia nada no livro de seu Pai Celestial. Com a mente ocupada com os seus problemas, Ângela deixara também de orar. A mulher acendeu a luz do quarto e começou a procurar a bíblia, contudo, não a encontrava em nenhum lugar.
Depois de tanto procurar, encontrou-a dentro de uma gaveta velha, lugar em que colocava livros antigos. Estavam ali esquecidos,  e por esse motivo apresentavam-se carregados de mofo e teias de aranha. Ângela sentiu vergonha do estado de sua bíblia e por ter deixado ela ali, esquecida durante tanto tempo. 

                 A moça retirou a sujeira superficial do livro e abriu em Provérbios. Mas, após ter feito isto, a voz insondável lhe disse:

"Evangelho de João 11:10"
  
             Ângela foi até o evangelho de João e quando encontrou o versículo 10, eis o que leu:

"Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz."

            Ângela se ajoelhou e pediu perdão para Deus. Finalmente ela compreendeu que Ele não a havia abandonado, e sim ela que deixou de acompanhá-lo, escolhendo conviver com a escuridão ao procurar coisas passageiras, em vez de buscar a Luz Verdadeira do Mundo.


1 comentários:

nossa, que impressionante, sabi paty, tem que ter uma sabedoria muito grande pra fazer umaa historia assim, que na verdade nao é uma simples historia e sim um alerta para nao nos afastar de DEUS
 

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